Vergonha não é a greve (ou a beijoca na orelha), mas o salário dos garis
Mário Magalhães
( O blog está no Facebook e no Twitter )
Não é problema de ninguém, o beijo poderia ser onde o governador e o prefeito bem entendessem. O da imagem acima, em um camarote na Sapucaí, foi na orelha de Eduardo Paes. Sérgio Cabral viveu uma ''noite de euforia'' no Carnaval, testemunhou o repórter Bernardo Mello Franco (leia aqui), também o autor da foto flagrando o carinho entre os correligionários.
O problema, isso sim, foi Paes se negar então a falar sobre a greve dos garis, que já incomodava os cariocas. Isso mesmo: sobre esse assunto, o prefeito se recusou a pronunciar palavra, sem prestar contas aos cidadãos preocupados.
Trezentos garis já foram demitidos pela Companhia Municipal de Limpeza Urbana. O lixo se acumula em muitas regiões, ameaçando disseminar doenças.
A culpa é dos garis? O que você acharia de, trabalhando duro numa atividade essencial, receber o salário de R$ 802,53 mensais?
O sindicato com diretoria amiga do prefeito fechou um acordo com reajuste de 9%, alcançando o piso de R$ 874,79. Com o adicional de insalubridade, que já é pago, chega a R$ 1.224,70 _para vários efeitos de benefícios, considera-se o piso, sem o adicional.
Numerosos garis continuam exigindo piso de R$ 1.200 (mais o adicional) e mantêm a greve, declarada _alguma surpresa?_ ilegal pela Justiça do Trabalho.
A greve permitiu a muita gente saber que o piso dos garis pouco passa do salário mínimo.
A paralisação, de fato, gera enormes transtornos à população.
Mas a culpa da greve não é dos garis, e sim da Prefeitura do Rio, que dispõe de dinheiro para toda sorte de agrado a ''parceiros'' nos projetos da Copa e da Olimpíada, mas rejeita um salário pouco menos miserável a quem, trabalhando honestamente, é indispensável à cidade.