Crime, contravenção e Carnaval: no sambódromo, uma história brasileira
Mário Magalhães

Na explosão de 2010, jovem de 17 anos foi morto – Foto UOL/Gabriel de Paiva/ Agência O Globo
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A imagem acima é de 2010, quando uma explosão criminosa matou um jovem de 17 anos, filho do contraventor Rogério Andrade.
''Contraventor'' é um eufemismo, desses empregados para evitar condenação judicial.
Rogério, parentes e aparentados do falecido bicheiro Castor de Andrade há anos se empenham no que se chamou de guerra dos caça-níqueis, nas quais se enfrentam facções da máfia dos caça-níqueis. Andrade contra Andrade, jorra o sangue da família. Jogo violentíssimo, mafioso mesmo, aqui no Rio.
Sabe quem se esbaldou na Sapucaí? Rogério Andrade, depois de uma temporada de cana _nos últimos 15 anos, esteve foragido ou preso.
É impressionante a reportagem de Adriana Cruz, em ''O Dia''. Ei-la:
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Contraventor promete encher Mocidade de dinheiro em 2015
Por Adriana Cruz
De volta ao comando da Mocidade Independente de Padre Miguel, o capitão do jogo do bicho Rogério de Andrade, de 50 anos, marcou presença, com pompa e circunstância, na Sapucaí, nas quatro noites de desfiles, que incluem os dois da Série A e os dois do Grupo Especial.
Na segunda noite de desfiles, Rogério chegou antes do desfile começar, às 19h45, e fez questão de passar pela concentração da escola. O famoso contraventor foi visto chorando e até cantando no camarote da escola. Ele ainda garantiu que, em 2015, vai encher a escola de dinheiro e que o desfile deste ano foi apenas uma prévia.
Sobrinho do lendário presidente de honra da escola Castor de Andrade, falecido, Rogério mostrou que queria saborear em boas doses a liberdade na Avenida – nos últimos 15 anos ele esteve foragido ou preso, acusado de envolvimento em homicídios e a máfia dos caça-níques. O contraventor não economizou, gastou pelo menos R$ 500 mil para bancar os custos de quatro camarotes, R$ 65 mil, cada um, o equivalente a R$ 260 mil, além buffet e ornamentação, avaliados em R$ 240 mil. O desenho de um castor era destaque da decoração, inserido no escudo da escola.
O camarote que Rogério ficou foi regado à champanhe da marca francesa Moët & Chandon, uma garrafa custa em média R$ 220, vodka – bebida consumida pelo contraventor – quitutes, presunto de parma, frutas, mulheres bonitas e seguranças, que não usavam credenciais para não chamar a atenção. Cada um da 'tropa de elite' recebeu 18 convites. Até no banheiro, ele contava com a escolta.