O Raul e o Rei, por Ruy Castro
Mário Magalhães
( O blog está no Facebook e no Twitter )
Grande história de Carnaval, por Ruy Castro, hoje na ''Folha''.
Ei-la:
* * *
Em pessoa
Por Ruy Castro
Em 1964 ou 65, o trombonista Raul de Souza –hoje, às vésperas dos 80 anos e ainda em grande forma– era a estrela de uma geração que estava fazendo do samba-jazz brasileiro a melhor música instrumental do mundo. Entre seus colegas havia saxofonistas como Paulo Moura, Aurino e Meirelles, pianistas como Luiz Eça, Sergio Mendes e Tenório Jr., bateristas como Milton Banana, Edison Machado e Dom Um, todos trabalhando na mesma cidade, na mesma noite, quase nos mesmos lugares.
Com esse cacife, Raul podia tirar o Carnaval para descansar. Não que não gostasse de Carnaval –sua formação era a da gafieira, onde os trombonistas também tinham de tocar a todo pano, no maior volume e sem parar, durante horas, ou enquanto o beiço aguentasse. E, certamente, não que não precisasse do dinheiro –no Carnaval, os bailes e festas eram diários e pagavam bem. Mas ele preferia parar por uns dias e relaxar a embocadura exigida por coisas difíceis como ''Estamos Aí'', ''Você e Eu'' e ''Jor-Du'', que tocava no resto do ano.