‘Homenagem’ a Eduardo Coutinho exibe versão mutilada de ‘Edifício Master’
Mário Magalhães
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O canal Arte 1 exibiu na virada de sábado para domingo, a pretexto de ''homenagear'' o recém-falecido cineasta Eduardo Coutinho, uma ofensa à obra do artista: dos 110 minutos de duração de um dos seus filmes maiores, ''Edifício Master'', o canal suprimiu 32 minutos.
Isso mesmo: mutilou a obra-prima, do 55º ao 87º minuto. A morte poupou Coutinho de testemunhar o crime de lesa-arte.
A moça da imagem acima, Cristina, personagem do documentário de 2002, foi limada.
Os espectadores do Arte 1, da grade da Net, também não viram o pessoal da produção batendo em um apartamento para pedir silêncio; o aparente casal Rita e Lúcia; Jasson cantando ''Favela'', música de sua autoria gravada em 1959 por Marisa Gata Mansa; Marcelo e a diarista Natalina; as vizinhas levando bolo e cantando os parabéns para uma moradora; o ator Fernando José, então com 62 filmes e mais de 30 novelas no currículo; o casal Dalva e José Carlos; o porteiro-chefe Luiz.
Todas as histórias dessas pessoas, que viviam ou trabalhavam no prédio de Copacabana, foram brutalmente silenciadas.
O pior é que o depoimento de Henrique, que contou ter cantado no palco com Frank Sinatra, também não foi mostrado na TV. Para mim, a sequência mais emocionante do filme é ele cantando ''My Way''.
A exibição começou às 23h do sábado (8 de fevereiro) e terminou à 0h20 deste domingo. Houve intervalos comerciais.
A divulgação do canal alardeou uma ''homenagem a Eduardo Coutinho''. Cascata. Houve desrespeito a ele e aos assinantes.
Na cara-de-pau, o texto promocional evocou 37 entrevistados. A conta não fecha: vários deles não apareceram.
Eduardo Coutinho não merecia tamanha barbaridade.