Lições: o que ensina a empolgante goleada do Botafogo na Libertadores
Mário Magalhães
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Na noite do reencontro do Botafogo com a multidão de torcedores e com um triunfo eloquente, que o promoveu à fase de grupos da Libertadores 2014, a principal lição é que o time deve jogar no estilo que no ano passado o levou à competição continental. Isto é, para a frente, com a bola no chão. E não plantado, com o empenho defensivo anestesiando a ambição de atacar.
Os empolgantes 4 a 0 de ontem no Maracanã com mais de 50 mil presentes confirmaram o que mesmo a derrota de 1 a 0 no jogo de ida, semana passada na altitude, havia sugerido: o alvinegro tem mais elenco e mais time que o eliminado Deportivo Quito.
A mudança decisiva da primeira para a segunda partida foi a troca de um dos três volantes por um atacante, que foi fazer companhia a Ferreyra: saiu Rodrigo Souto, e entrou Wallyson, consagrado com três gols.
Por mais que o ar rarefeito nos quase 3.000 metros acima do nível do mar da capital equatoriana recomendasse cuidados, o técnico Eduardo Húngaro cometeu um erro. Como gol fora de casa tem mais peso em mata-mata, deve-se ousar mais em viagem, e não no Rio, a não ser em situação de necessidade. Ou seja: três volantes são excessivos, mais ainda longe do Maracanã.
Como o Botafogo rende mais tocando a bola, Elias, que não é nenhum craque, é mais útil que Ferreyra, muito menos. É injusto comparar a frio o desempenho dos dois ontem. Ferreyra acertou uma cabeçada na trave, mas foi mal. Elias substituiu-o aos 21 do segundo tempo e, em meros 13 minutos, participou de dois gols.
A injustiça é que Elias se beneficiou dos contra-ataques proporcionados pela ida do Deportivo Quito à frente. Ainda assim, a ideologia de posse de bola estabelecida por Oswaldo Oliveira exige no ataque o ágil Elias, e não o paradão Ferreyra _ao lado de Wallyson, que depois de ontem deve ser tido como titular.
Outra lição é que o clube e Húngaro estão corretos em priorizar a Libertadores. No domingo, escalaram os reservas contra o Vasco, sabiamente. Campeonato Estadual tem todo ano. Libertadores, fazia 18 anos que a equipe não encarava.
Mais uma lição: a despeito do chocolate, a formação atual está longe do padrão daquela de Oswaldo e Seedorf nos melhores momentos de 2013. Parece heresia, depois do sucesso no Maracanã, mas Wallyson e Elias formam uma dupla limitada. Não se busca o gol somente com os atacantes, é claro, mas o Botafogo deveria investir em contratações, sobretudo de um meia e de um jogador de ataque.
Antes da partida, os torcedores formaram na arquibancada o mosaico ''o gigante voltou''. Ao final, cantaram o hino do clube. Grande noite. Na próxima semana, contra o San Lorenzo, mais conhecido como o time do papa, a parada será mais dura.
Como Francisco não joga, as chances do Botafogo aumentam.