Blog do Mario Magalhaes

‘Relação promíscua’, por João Paulo Cuenca

Mário Magalhães

A proposta de Cuenca gerou polêmica e envolveu o escritor em um debate com Thales Guaracy, romancista e jornalista, na rede social

O escritor João Paulo Cuenca – Foto Rafael Andrade/Folhapress

 

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O escritor João Paulo Cuenca escreveu no Facebook (aqui) sobre o acidente na Linha Amarela, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e as relações promíscuas público-privado.

Com autorização do autor, o blog reproduz o seu post.

* * *

Por João Paulo Cuenca

No Estudio I de hoje, o Prefeito do Rio de Janeiro telefonou para a Globonews com o claro propósito de dar uma enquadrada ao vivo nesse escritor.

Sobre o acidente de hoje, no início do programa eu tinha recuperado os dados desta matéria (http://odia.ig.com.br/portal/rio/concessionárias-garantem-lucros-com-atalhos-em-contratos-1.536132) e lembrado a histórica relação de promiscuidade entre poder público e concessionárias de serviço em terras cariocas – vide Rio Ônibus, Supervia, Metrô etc.

A cidade hoje está mais colapsada do que nunca por essa obscura relação entre poderes – bem ilustrada pela intimidade do Júlio Gargalhada Lopes ao lado do Presidente da SuperVia numa linha de trem parada semana passada. No calor da cena, errei o pronome antes do nome do secretário, mas não o bloco de poder que o Prefeito representa junto ao Governo do Estado.

O Prefeito achou tudo um absurdo, inclusive o fato de eu ter usado o google, falou pra burro, fez pouco do Jornal o Dia, mas não respondeu NENHUMA das minhas observações anteriores sobre a renovação do contrato da Lamsa com a Prefeitura em 2010 – valor baixo para a renovação por 15 anos e reajuste acima da inflação. Esse contrato, aliás, já foi renovado três vezes sem que tenham sido feitas novas licitações.

Desconversou também, ao final, quando falei sobre Rio Ônibus e a revolução que ele prometeu para o transporte público da cidade antes de ser eleito. Preferiu tergiversar – é um mestre – e se ater aos poucos segundos que o caminhão levava na via, esquecendo que a própria imagem da Lamsa mostra outros andando livremente no outro sentido, o que era proibido naquela hora.

Importante: o Prefeito tampouco se ateve ao fato do caminhão ser um prestador de serviço da Prefeitura. E ao fato de muitos caminhões levantarem a caçamba para que não vejam suas placas com o objetivo de evitar multas. Afinal, tudo era uma ''fatalidade'' e o momento era de ''consternação''.

Vê-se que minha observação não era produto da mente de um escritor delirante, uma vez que hoje a vereadora Teresa Bergher, líder do PSDB no rio, hoje prometeu encaminhar ''requerimento de informações à prefeitura, com o objetivo de obter o inteiro teor do contrato do município com a Lamsa:

''A Câmara não recebe informações sobre o contrato, sobre o número de veículos que circulam na Linha Amarela e sobre os estudos feitos para se chegar ao valor do pedágio. Não recebemos nada que nos possibilite fiscalizar esse contrato, que é obscuro e secreto. Ele é uma caixa-preta — diz a vereadora.''

(http://oglobo.globo.com/rio/vereadora-quer-inteiro-teor-de-contrato-da-lamsa-com-prefeitura-11429389)

No ar, ofereci a oportunidade de aclaramos, numa futura entrevista, estes e outros temas, como a ''relação promíscua'' – o prefeito adorou esse termo, o repetiu várias vezes na sua diatribe telefônica ao vivo na Globonews – entre as suas secretarias e empreiteiras, Rio Ônibus etc.

Vamos ver se essa promessa ele vai cumprir.