Blog do Mario Magalhaes

Cabral + Paes + Renan + Newtão: políticos tripudiam das jornadas de junho

Mário Magalhães

blog - manif mais de 100 mil

17 de junho de 2013 no Rio, diante do Teatro Municipal, na manifestação dos mais de 100 mil

 

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Parece que os caras fazem só para provocar, e talvez não seja só impressão.

Na sexta-feira, a maior das manifestações populares de junho, no dia 20, completou seis meses. Chutaram que naquela jornada, no Rio, mais de 300 mil pessoas haviam saído às ruas. Pode ter sido mais, pode ter sido menos. Em 17 de junho, tinham sido mais de 100 mil aqui na cidade.

Embalada pela exigência de anulação do aumento das passagens dos transportes públicos, a revolta engolfou o Brasil, contra quase tudo e quase todos. Entre as palavras de ordem mais entoadas, as que miravam as bandalheiras dos políticos tremulavam os tímpanos.

Nos últimos dias, o noticiário acumulou indícios de que quem tremeu no auge dos protestos de junho considera que eles ficaram lá atrás, sem repercussões e constrangimentos no presente. Quem se borrou há meio ano está pouco ligando para as advertências de 2013.

Por acaso ou não, os quatro personagens pertencem ao PMDB.

Sérgio Cabral, depois de ser flagrado voando em helicóptero bancado pelo contribuinte, para passear com a família numa casa particular em Mangaratiba, anunciou que não reincidiria no vício. Promessa não cumprida pelo governador do Rio de Janeiro, como revelou o repórter Hanrrikson de Andrade.

O prefeito Eduardo Paes divulgou que o “reajuste” das passagens, barrado pelos cariocas em junho, viria em janeiro de 2014. Esse mês é consagrado para os aumentos, porque os estudantes estão de férias, o que torna menos prováveis mobilizações de massa. Mas o Tribunal de Contas do Município do Rio recomendou que o aumento não entre já em vigor, informou o colunista Fernando Molica.

Presidente do Congresso, Renan Calheiros havia sido descoberto voando em avião da FAB para convescote privado de correligionário, um casamento. Como os meninos que fazem xixi na cama, prometeu não fazer mais. Até que a repórter Andréia Sadi contou que o senador pegara na semana passada um avião da Força Aérea, tudo custeado pelo dinheiro dos cidadãos, num bate-volta Brasília-Recife para implantar fios de cabelo. Deve ser a tal parceria público-privado, aquela em que o público se dá mal, e o privado, bem.

A notícia mais recente é sobre Newton Cardoso, o deputado federal que já governou Minas Gerais. Newtão, dono de fortuna do tamanho das que inebriam a imaginação do Djavan quando fala de biógrafos, empregou verba da Câmara para um upgrade para a primeira classe de voo rumo a Nova York, reportaram Fernando Gallo e Ricardo Chapola. Precavido, esse Newtão: se voasse de econômica, correria o risco de ter ao lado o povaréu que deu, audácia de pobretões, para viajar de avião.

Não sei quando, que eu não sou adivinho, mas outros junhos virão.