Blog do Mario Magalhaes

Ao inaugurar Via Binário, Paes ocultou que drenagem só fica pronta em 2016

Mário Magalhães

Via Binário, sob o sol do Rio; o problema é que chove – Foto Beth Santos/Divulgação

 

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No fim da tarde do primeiro sábado de novembro de 2013, dia 2, Eduardo Paes divertiu-se fotografando o pôr do sol, pouco antes de inaugurar a Via Binário, na região portuária do Rio. O prefeito advertiu que haveria “transtornos” no trânsito da área na semana seguinte e problemas no ano e meio, dois anos vindouros (leia aqui).

Nada informou sobre o sistema de drenagem na via funcionando plenamente só em 2016. Isso numa cidade que geração após geração padece das consequências das chuvas e da recusa das autoridades em defender os cidadãos dos estragos provocados pelas intempéries.

Nesta quarta-feira, 11 de dezembro, pouco mais de um mês depois da distribuição de sorrisos de Paes na cerimônia de inauguração, a Via Binário inundou, impedindo durante horas a passagem de automóveis.

Só então Eduardo Paes alertou para a ausência de drenagem efetiva (aqui). Como de costume, apenas depois de ocorrido o desastre e desmascarada a falha de gestão, ameaçou multar a concessionária que toca a obra (aqui).

As mortes ocorridas na Baixada Fluminense são, evidentemente, muito mais graves que a debacle da nova rota à primeira chuvarada. E talvez o fiasco físico seja menor que o moral: por que o prefeito não avisou aos cariocas que a drenagem capenga (ou sua inexistência) era incapaz de conter os danos de temporais? Não sabia? Seria caso de inépcia? Sabia? Eis a questão moral.

A Via Binário foi aberta para compensar o impacto no trânsito causado pela demolição do elevado da Perimetral. Só na fase inicial da derrubada do monstrengo, seria consumido mais de R$ 1 bilhão. Pôr abaixo a Perimetral parece uma boa. A dúvida é se outras prioridades não pedem socorro, numa cidade com tantos pobres.

Em tempo: lá em cima, a Perimetral não alagava feito a Via Binário.