Blog do Mario Magalhaes

Problema com táxis no aeroporto Santos Dumont vai muito além da fila

Mário Magalhães

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Fila para táxis no aeroporto Santos Dumont – Foto Ale Silva/Futura Press

 

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Pela enésima vez, foram alardeadas medidas para melhorar a organização dos táxis para quem desembarca no Santos Dumont (leia aqui). Agora, pelo ministro Moreira Franco e pelo secretário Osório. Já escutei tanta cascata sobre a moralização desse serviço nesse mesmo aeroporto, no Galeão e na rodoviária Novo Rio que meus ouvidos se entupiram de ceticismo.

Aliás, que feito, o do parágrafo acima: o verbo moralizar e o ministro da Aviação Civil, Wellington Moreira Franco, juntos. O secretário municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, campeão intergaláctico de entrevistas e anúncios de que “agora a coisa vai”, prometera barrar os táxis piratas na rodoviária. Repórteres voltaram lá e constataram que continuava tudo como dantes.

A fila imensa e lenta é um, mas não o único desafio à paciência de quem chega ao aeroporto do centro do Rio. Ao contrário do que acontece em Congonhas, não é possível embarcar em muitos automóveis ao mesmo tempo, o que retarda o fluxo ainda mais.

Eu não soube de menções do ministro e do secretário a um expediente que muito contribui para embromar o embarque: o cidadão ou a cidadã que alega administrar a fila pergunta para que bairro o passageiro vai. Muito justo, se fosse apenas para informar quanto valerá a corrida. Mas, em vez de colocá-lo no carro seguinte, convoca os chapas mais queridos, para quem reserva as corridas longas. Às vezes, o amigão demora a aparecer.

Como muitos taxistas não pertencem às cooperativas que trabalham (talvez seja melhor dizer “agem”) no Santos Dumont, o preço a pagar será o do taxímetro. Aí, não é raro sobrevir o velho golpe do trajeto alongado, tipo Santos Dumont-Copacabana, via Méier. Cariocas sem sotaque, como eu, obrigam-se a ditar o roteiro, para mostrar que conhecem o caminho, e alguns motoristas têm as suscetibilidades feridas.

Não custa enfatizar: há 171 em todas as profissões, como a dos jornalistas, e não somente entre taxistas.

Outra picaretagem é a “pedida” dos donos da fila para taxistas não sócios das cooperativas. Volta e meia, como cansei de testemunhar, exigem um troco de quem pega o passageiro. Trata-se de taxa informal e ilegal. Para quem costuma ir para Botafogo, como eu, cobram 2 reais do motorista. Até o espertalhão receber, mais lentidão.

Tudo isso sem contar a recorrente recusa de levar o recém-desembarcado para destinos no centro, por serem próximos. Como muita gente vem ao Rio para compromissos de negócios, concentrados nos arredores do aeroporto, complica. Quem for a pé corre o risco de ser assaltado.

Uma saída para fugir desse inferno é temerária. Em vez de pegar os táxis na fila do setor de desembarque dos aviões e entrega de bagagem, os mais íntimos do Santos Dumont, sobretudo os cariocas, resgatam as malas e se destinam à área de check-in. Acabam apanhando o táxi de quem trouxe passageiro ao aeroporto.

O perigo é que ali o controle dos automóveis é ainda menor, e o passageiro se vê à mercê de trapaças diversas.

Como as autoridades insinuam ignorar, informo que também essa área passou a ser controlada por uma máfia mal encarada, que decide que taxista pode ou não operar, como vê quem tem olhos que querem ver.

Nada que intimide novas entrevistas, com vozes pomposas e ares de sabe tudo, prometendo que “agora a coisa vai”.

Um pitaco final: os taxistas das cooperativas do Santos Dumont perdem dinheiro eternizando a bandalha. Se planejassem o serviço com profissionalismo e algumas pitadas extras de escrúpulos, ganhariam muito mais.