Elio Gaspari e a prisão de Genoino – “Roma, setembro de 1944: ‘Bem feito'”
Mário Magalhães
( O blog agora está no Facebook e no Twitter )
Não entrarei no mérito das condenações do mensalão. São legítimas todas as opiniões. Inaceitável é a covardia. É sobre ela que Elio Gaspari escreve brilhantemente hoje, sem mencioná-la pelo nome.
A íntegra pode ser lida clicando aqui. Abaixo está a abertura.
*
Por Elio Gaspari
18 de setembro de 1944: Roma estava sob controle das tropas americanas, Mussolini já havia sido passado nas armas. No Palácio da Justiça, o ex-prefeito da cidade esperava a audiência do processo que respondia por ter entregue aos alemães uma lista de cinquenta presos para completar a lista de 330 italianos que seriam executados em represália a um atentado em que a Resistência matara 33 soldados alemães. No prédio, como testemunha, estava Donato Carretta, diretor da prisão de Regina Coeli, de onde saíram muitos dos presos. Uma mulher reconheceu-o e gritou: ''Assassino, você entregou meu filho aos alemães''.
Ele começou a apanhar no tribunal. Levaram-no para a rua e pediram que um motorneiro passasse com o bonde por cima dele. O homem recusou-se. Chamaram-no de fascista, mostrou sua carteirinha do Partido Comunista e foi em frente. Mataram Carretta a pauladas e penduraram seu corpo da porta da prisão que dirigira. Seu linchamento lavou a alma de muita gente. Havia sete mil pessoas na cena. Quem foi o culpado? O outro.
Novembro de 1944: Carretta foi inocentado da cumplicidade com os crimes alemães. Em sua defesa apresentaram-se três presos cuja fuga ele facilitara: Giuseppe Saragat e Sandro Pertini (que viriam a presidir a Itália), bem como o líder socialista Pietro Nenni.
Linchamentos deixam lembranças amargas.