Blog do Mario Magalhaes

Fortaleza recebe Festival de Biografias dias antes de STF discutir o tema

Mário Magalhães

Tomada quase só por biografias, vitrine da Livraria da Travessa na semana passada – Foto divulgação

 

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Daqui a menos de um mês, no feriadão de 14 a 17 de novembro, Fortaleza sediará o primeiro Festival de Biografias, com quatro segmentos: literatura, cinema, música e artes visuais. Poucos dias mais tarde, 20 e 21, o Supremo Tribunal Federal promoverá audiência pública para tratar de biografias não autorizadas.

A proximidade dos eventos é uma tremenda coincidência. A audiência foi recém-convocada pela ministra Carmem Lúcia. O festival estava marcado antes de esquentar a controvérsia sobre censura prévia a biografias.

Transparência: convidado pela produtora cultural Quitanda das Artes, aceitei ser o curador do segmento literário, entendido como não ficção biográfica. A primeira edição do festival tem o mote “histórias de vida”.

Numa tenda na praia de Iracema, reduto boêmio da capital cearense, haverá projeção de filmes e debates com cineastas e autores de livros. Em um palco vizinho, shows ao ar livre. O Estoril, espaço cultural, receberá uma exposição interativa, com vídeos, fotos e textos, sobre vida e obra de artistas visuais retratados na literatura e no cinema. O ingresso é gratuito para toda a programação.

Entre as atrações cinematográficas, haverá mostra e debate sobre a obra do cinebiógrafo Silvio Tendler. O diretor estará presente à homenagem. O destaque em música será um show conjunto de Jorge Mautner e Jards Macalé. Os dois já mereceram documentários contando suas vidas.

Uma seleção de 11 biógrafos _e autores de perfis_ consagrados ou que preparam sua estreia no gênero debaterá a produção biográfica em livros. São eles, em ordem alfabética: Fernando Morais (autor de Olga, Chatô: O Rei do Brasil, Montenegro, O Mago); Guilherme Fiuza (Meu nome não é Johnny, Bussunda, Giane); Humberto Werneck (Chico Buarque: Tantas palavras – Todas as letras & reportagem biográfica de Humberto Werneck, O santo sujo: A vida de Jayme Ovalle); João Máximo (Gigantes do futebol brasileiro _com Marcos de Castro, Noel Rosa: Uma biografia _com Carlos Didier, João Saldanha: Sobre nuvens de fantasia); Josélia Aguiar (Jorge Amado: Uma biografia, a sair pela Editora Três Estrelas); Lira Neto (O poder e a peste: A vida de Rodolfo Teófilo, O inimigo do rei: Uma biografia de José de Alencar, Castello: A marcha para a ditadura, Maysa: Só numa multidão de amores, Padre Cícero: Poder, fé e guerra no sertão, Getúlio, tomos I e II); Lucas Figueiredo (biografia de Tiradentes, a sair pela Companhia das Letras, Morcegos negros: PC Farias, Collor, máfias e a história que o Brasil não conheceu, O operador: Como e a mando de quem Marcos Valério irrigou os cofres do PSDB e do PT); Luiz Fernando Vianna (Zeca Pagodinho, Aldir Blanc: Resposta ao tempo – Vida e letras, João Nogueira: Discobiografia); Paulo Cesar de Araújo (Roberto Carlos em detalhes); Regina Zappa (Hugo Carvana; Cancioneiro Chico Buarque, vols. 1, 2 e 3; Para seguir minha jornada: Chico Buarque; Gilberto bem perto _com Gilberto Gil); e Ruy Castro (O Anjo Pornográfico: A vida de Nelson Rodrigues; Estrela solitária: Um brasileiro chamado Garrincha; Ela é carioca: Uma enciclopédia de Ipanema; Carmem: Uma biografia)

Na edição inaugural, o festival reunirá biógrafos jornalistas, cuja influência no gênero é notável, sobretudo no Brasil. Na próxima, serão incorporados historiadores biógrafos, também responsáveis por obras fundamentais para conhecer o país.

Os autores que estarão em Fortaleza têm características distintas, mas todos são reconhecidos por duas virtudes: a eficiência para apurar e o talento para narrar.

Idealizei um evento com que eu, devorador de biografias, sempre sonhei: os grandes autores conversando sobre seu ofício.  Embora a discussão sobre o marco legal da produção biográfica vá ter óbvia relevância, a reflexão sobre “como se faz” e “por que se faz” não se diluirá. Para que os leitores não se frustrem, em bate-papos com escritores em excesso, que acabam com pouco tempo para falar, escalamos no máximo dois debatedores, com um mediador.

Dois convidados, João Máximo e Paulo Cesar de Araújo, são autores de excelentes biografias hoje proibidas de circular: a de Noel Rosa, que João assina com Carlos Didier, e a de Roberto Carlos.

Uma pequena feira do livro será montada, com o máximo possível de títulos dos autores em catálogo, e não somente biografias. Depois dos bate-papos, estão previstas sessões de autógrafos.

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Eis a programação literária:

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14 de novembro de 2013, quinta-feira

15h

A próxima biografia é sempre a melhor

Com Fernando Morais

Mediação Paulo Cesar de Araújo

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15 de novembro, sexta-feira

15h

Ciência e arte da biografia

Com Ruy Castro

Mediação Mário Magalhães

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16 de novembro, sábado

10h

No compasso da história: vidas de artistas

Com Regina Zappa e Humberto Werneck

Mediação Lucas Figueiredo

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16 de novembro, sábado

15h

De Noel a Roberto: como biografar mitos

Com João Máximo e Paulo Cesar de Araújo

Mediação Luiz Fernando Vianna

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17 de novembro, domingo

15h

De Maysa a Bussunda, de Getúlio a Giane: como escolher um personagem

Com Guilherme Fiuza e Lira Neto

Mediação Josélia Aguiar

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Até Fortaleza!