Caso Amarildo: suspeitos de tortura e morte, 4 PMs continuam na Rocinha
Mário Magalhães
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Indiciados com outros seis colegas de farda por suspeita de tortura, homicídio e ocultação de cadáver do pedreiro Amarildo de Souza, quatro policiais militares continuam trabalhando na Unidade de Polícia Pacificadora da Rocinha.
Parece inacreditável, mas é verdade, como conta a repórter Ana Cláudia Costa (leia aqui).
A Polícia Civil concluiu que existem fartos indícios de que os dez PMs participaram do crime. Entre eles, o major Edson Santos, comandante da UPP da favela quando o trabalhador da construção civil foi detido por policiais na noite de 14 de julho de 2013. Levado para a sede da UPP, nunca mais apareceu.
O Ministério Público acompanhou a investigação da Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro e já adiantou que acusará os dez PMs.
Há uma prova de enorme valor que somente agora ficou clara. Os suspeitos dizem ter testemunhado Amarildo deixando a UPP por uma escada estreita no alto da Rocinha. Mas lá havia uma câmera de segurança em funcionamento. Vistas e revistas, as imagens evidenciam que o pedreiro não passou por ali. Ou seja, derruba a versão dos suspeitos (“indiciados”) que logo serão acusados (“denunciados”).
Nas primeiras semanas depois do sumiço de Amarildo, a cúpula da PM manteve o major Edson Santos no comando da UPP da Rocinha. Mais tarde ele foi substituído pela major Pricilla Azevedo.
Manter o oficial originário do Bope foi uma decisão temerária do comando da corporação. A favor da conduta, havia o fato de que Edson Santos não havia sido indiciado.
Agora, em relação ao tenente e aos três soldados que permanecem na favela, nem esse argumento pode ser esgrimido.
Eles não estariam trabalhando fora do aparato burocrático da unidade, mas sua presença pode ser interpretada como constrangimento a eventuais testemunhas, sejam elas PMs ou moradores.
A Polícia Civil apurou e apontou os culpados pela morte de Amarildo.
A PM, na contramão, não dá mostras de ter entendido o crime bárbaro que ocorreu.
A família espera pelo corpo de Amarildo, ainda não encontrado.
E aí, Cabral?