Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : setembro 2013

Flu foi melhor no empate do que o Fla na vitória
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Mário Magalhães

 

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Sim, já ouvi falar de que vitória vale três pontos, e empate, só um.

O Flamengo acumulou três pontinhos valiosos no triunfo merecido de 2 a 1 sobre o Vitória, no Maracanã, enquanto o Fluminense empatou em 2 a 2 com o Galo, no Independência.

No confronto entre rubro-negros, o time carioca não mostrou virtudes excepcionais , a não ser a de aproveitar a má fase da equipe baiana, que estreava o técnico Ney Franco.

O que mais me chamou a atenção é como a dupla de ataque da época do Jorginho como treinador (e do Dorival, como assinalou o Jota_Aga nos comentários), Rafinha e Hernane, funciona melhor do que outras formações ofensivas. Hernane marcou dois gols. Continuo com a opinião de que ele deveria jogar ao lado do Moreno, sem que um tenha que sentar no banco. Não é o que pensa o Mano.

O Fluminense fez uma tremenda partida contra o campeão da Libertadores. Ao contrário do ferrolho armado contra o São Paulo, em que se mostrou impotente, dessa vez o tricolor esbanjou eficiência nos contra-ataques. A bola ficou mais com o Atlético, mas o Flu soube ser letal. Há muito tempo não via o Wagner tão bem, lembrando o talento dos tempos de Cruzeiro.

Duas vezes na frente, o Flu cedeu o empate em cobranças de falta de Ronaldinho. Não me pareceu que o Cavalieri, novamente em boa fase, tenha falhado, mas ainda comungo pelo velho ritual: goleiro deve sempre pular na bola, pelo menos para mostrar que não dá para defender. Nos dois disparos magistrais do gaúcho, o arqueiro permaneceu como eu em casa, diante da TV: olhando, sem esboçar reação.

A atuação em Minas pode indicar que o Vanderlei melhora a equipe, a despeito dos jogadores que partem, que se machucam ou dão mole nas suspensões, como o Rhayner, expulso ontem.

O maior desafio será manter-se competitivo jogando em casa, quando tem de atacar mais, sem apostar primordialmente nos contra-ataques.

É bom correr, que o São Paulo e a Lusa estão chegando.


O noticiário anda pesado e chato? Visite o festival do escargot na companhia de Rossicléa
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Mário Magalhães

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A Rossicléa, artista que honra a tradição do melhor humor cearense, visitou o festival de escargot na praia da Taíba. De morrer de rir. Dica: a risadaria vai até perto dos 20 minutos de programa. A entrevista do Zeca Baleiro começa pela altura dos 27. Muito bacana o carinho dele com a grande cantora que é a Vanusa. Divirtam-se:

 


Tarefa de Tiradentes era ‘liderar o levante militar, prender o governador e executá-lo’, conta Ken Maxwell
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Mário Magalhães

Tiradentes Esquartejado, quadro de Pedro Américo

 

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Nunca simpatizei com a expressão “bras(z)ilianista”, com “s” ou com “z”, mas ela se consagrou.

O britânico Kenneth Maxwell, professor da Universidade Harvard, é um dos mais brilhantes, concedo, brasilianistas contemporâneos. Autor do clássico “A devassa da devassa”, o historiador sabe demais sobre o movimento que levou Tiradentes à forca.

Ele abrirá no dia 19 de setembro o Festival de História de Diamantina, com a conferência “Tiradentes e a Constituição da Independência dos Estados Unidos da América”. Maxwell deu uma entrevista à repórter Roberta Jansen falando de passado e presente.

Sobre o passado, afirmou: “Tiradentes foi um líder crucial da revolta proposta. Sua tarefa era liderar o levante militar, prender o governador e executá-lo”.

A respeito do presente: “Muito foi alcançado nas duas últimas décadas; isso é verdade e deve ser reconhecido: democratização, aumento das oportunidades para uma parcela crescente da população, a maior participação do Brasil no mundo, a internacionalização dos negócios e da mídia, mais comércio, sucesso nas artes, na cultura e nos esportes, a capacidade de mobilização do povo. Mas o legado da desigualdade permanece como um grande desafio. A despeito das novas tecnologias, das práticas políticas, da administração cotidiana, o país, por vezes, permanece atolado no passado e cativo de velhos padrões”.

A entrevista, para lá de interessante, pode ser lida na íntegra clicando aqui.

Em tempo: farei uma ponta em Diamantina. Ao lado dos colegas Lira Neto e Ricardo Amaral, participarei no dia 20 da mesa “Biografias reveladas: histórias da luta e do front”. A programação do festival está aqui.


Será que convidaram o Amarildo para um chá?
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Mário Magalhães

PM mascarado, durante reconstituição – Foto Maía Coelho/Agência O Dia/Estadão Conteúdo

 

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Constitui o óbvio ululante o fato de advogados advogarem para os seus clientes.

Com toda a legitimidade, o advogado Marcos Espínola advoga para policiais militares que tiveram o Amarildo sob custódia na noite de 14 de julho.

Durante a reconstituição do sumiço do pedreiro, conduzida pela Polícia Civil do domingo à segunda-feira, o doutor Marcos Espínola narrou o que teria ocorrido há um mês e 20 dias, conforme a versão dos PMs.

Numa passagem, afirmou: “Convidaram ele a se deslocar até a sede da UPP”.

As imagens disponíveis não sugerem convite, mas coação.

Não pareceu que Amarildo se “deslocaria” no veículo da PM, e sim que seria “levado”, “carregado”.

Adocicar o vocabulário não torna os fatos menos cruéis.

O vídeo da detenção do Amarildo e a declaração do advogado podem ser vistos aqui.


Os livros dos craques do Placar Literário
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Mário Magalhães

 

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Tive a honra e o prazer de mediar no domingo o bate-papo “Amor & ódio na arquibancada”, na Bienal do Livro do Rio. Participaram os ensaístas José Miguel Wisnik e Bernardo Borges Buarque de Hollanda. O evento fez parte do Placar Literário, programação dedicada ao futebol. Com curadoria do João Máximo, um dos mais completos jornalistas brasileiros, tem feito um tremendo sucesso.

Aprendi muito com o santista Wisnik, professor aposentado de literatura brasileira na USP, e com o rubro-negro carioca Bernardo, historiador e professor do CPDOC/FGV. No blog do caderno “Prosa”, o repórter Guilherme Freitas escreveu sobre a conversa (leia aqui).

Eu teria muita coisa para contar, mas acho mais útil indicar dois ótimos livros.

Em “Veneno remédio: O futebol e o Brasil” (Companhia das Letras), José Miguel Wisnik compôs um dos mais densos e criativos ensaios sobre futebol.

Bernardo Borges Buarque de Hollanda é um dos organizadores da Coleção Visão de Campo, da 7 Letras, pela qual já saíram nove títulos. No volume “A torcida brasileira”, Bernardo assina o artigo “A festa competitiva: formação e crise das torcidas organizadas entre 1950 e 1980”.

Boa leitura!


464 escolas públicas com o nome do ditador Castello Branco: seria como colégio Hitler na Alemanha ou educandário Pinochet no Chile
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Mário Magalhães

Para cada escola com o nome de Jango, a vítima, há mais de 13 com o do algoz, Castello

 

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Imaginem centenas de colégios na Alemanha com o nome de Adolf Hitler.

E na Itália, com o de Benito Mussolini.

Ou no Chile, batizados como Augusto Pinochet.

Impensável _se houver algum em terras chilenas, será resíduo autoritário prestes a acabar.

Só contando escolas públicas municipais, estaduais e federais, o Brasil mantém 976 instituições com o nome dos cinco marechais e generais que presidiram o país durante a ditadura 1964-85.

O campeão é o ditador Castello Branco, que sucedeu o presidente constitucional João Goulart. Jango foi eleito vice-presidente com o voto popular em 1960. Em 61, com a renúncia de Jânio Quadros, assumiu a Presidência, em um regime parlamentarista imposto por golpistas. Em 63, a imensa maioria dos eleitores sufragou o presidencialismo em plebiscito, e Goulart ocupou o Planalto com plenos poderes legais. Até ser derrubado em 1º de abril de 64 por um golpe de Estado, antidemocrático, que ungiu o marechal Castello como presidente.

No governo dele e de seus quatro sucessores, mais de 400 brasileiros foram assassinados por agentes públicos com motivações políticas. Boa parte pereceu na tortura. Perto de 140 ainda estão desaparecidos.

Há 34 escolas com o nome de João Goulart, a vítima, e 464 com o de Castello, o algoz.

O levantamento sobre os colégios com nome dos tiranos foi feito pelos repórteres Gustavo Uribe e Leonardo Vieira. A matéria saiu em “O Globo” e pode ser lida clicando aqui.

Alguém há de tirar consequências do disparate e fazer besteira: se responsáveis por crimes contra os direitos humanos não apenas não foram punidos, mas reverenciados, por que respeitar hoje a lei que impede violência contra cidadãos sob custódia do Estado?

A propósito, cadê o Amarildo?


‘Carta aos médicos cubanos’
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Mário Magalhães

O médico deve ter achado que desembarcou na Idade Média; no máximo, na Guerra Fria

 

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O médico David Oliveira de Souza publicou na “Folha” um artigo sobre a vinda de médicos cubanos para trabalhar no Brasil. David é professor do Instituto de Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês. Assim começa sua “carta”:

“Bem-vindos, médicos cubanos. Vocês serão muito importantes para o Brasil. A falta de médicos em áreas remotas e periféricas tem deixado nossa população em situação difícil. Não se preocupem com a hostilidade de parte de nossos colegas. Ela será amplamente compensada pela acolhida calorosa nas comunidades das quais vocês vieram cuidar.

A sua chegada responde a um imperativo humanitário que não pode esperar. Em Sergipe, por exemplo, o menor Estado do Brasil, é fácil se deslocar da capital para o interior. Ainda assim, há centenas de postos de trabalho ociosos, mesmo em unidades de saúde equipadas e em boas condições.

Caros colegas de Cuba, é correto que nós médicos brasileiros lutemos por carreira de Estado, melhor estrutura de trabalho e mais financiamento para a saúde. É compreensível que muitos optemos por viver em grandes centros urbanos, e não em áreas rurais sem os mesmos atrativos. É aceitável que parte de nós não deseje transitar nas periferias inseguras e sem saneamento. O que não é justo é tentar impedir que vocês e outros colegas brasileiros que podem e desejam cuidar dessas pessoas façam isso. Essa postura nos diminui como corporação, causa vergonha e enfraquece nossas bandeiras junto à sociedade.

Talvez vocês já saibam que a principal causa de morte no Brasil são as doenças do aparelho circulatório. Temos um alto índice de internações hospitalares sensíveis à atenção primária, ou seja, que poderiam ter sido evitadas por um atendimento simples caso houvesse médico no posto de saúde”.

Para ler na íntegra, clique aqui.

O artigo com opinião contrária está aqui. O autor é Carlos Vital Tavares Corrêa Lima, primeiro vice-presidente do Conselho Federal de Medicina.