Injustiça! Peixe do Brasil tinha feiura para vencer campeonato de bicho mais medonho do mundo
Mário Magalhães
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Não tem desculpa! Seria como eliminarem a Gisele Bündchen da seleção das modelos mais formosas, o Pelé do time dos grandes craques de todos os tempos, a Fernanda Montenegro do elenco das atrizes mais talentosas do planeta. Lamentável, caros súditos da rainha!
Passou-se o seguinte: a Associação Britânica de Ciência promoveu pela internet um concurso para escolher o animal mais feio do mundo. Ganhou um tal de peixe-gota. Tem seus méritos, evidentemente, como se vê nesta reportagem. Alegam que se parece com o ser humano, mas para mim lembra mais um smurf. Outros bichos medonhos estão aqui.
A competição não tem o propósito de humilhar certas espécies, concedamos o eufemismo, desfavorecidas pela natureza. E sim de alertar para sua ameaça de extinção.
Bacana, mas não precisavam abusar da injustiça. No Museu Oceanográfico de Rio Grande, no extremo-sul do Brasil, há uma miraguaia capturada décadas atrás. Um tumor no crânio fez com que o peixe ganhasse aparência de rosto humano, daí que lhe colocaram óculos, numa imagem inesquecível para quase todos que visitam o museu. Não entrou nem na lista de candidatos ao título de mais feioso.
Nas férias de juventude, comi até quase enjoar miraguaias pescadas por parentes num balneário de Rio Grande, a praia do Cassino. Os peixes eram enormes, tinham mais de um metro de comprimento e dezenas de quilos. Dizem que hoje não dá mais miraguaia no Cassino, devido à pesca predatória, mas não sei se é verdade.
Talvez os britânicos desconheçam a miraguaia do museu, preservada em formol. Quem sabe só valesse imagem de bicho vivo.
Mas seria casuísmo, porque uma miraguaia viva não se prestaria a sair mar adentro com o par de óculos que a falecida do museu ostenta com tanta dignidade.