O duelo entre Yoko Ono e Maria Bonita
Mário Magalhães
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Como, aqui em casa, o 11 de setembro não evoca só tragédias, saí anteontem à noite para celebrar o aniversário do meu irmão. Acabei ganhando do aniversariante um presente, trazido de Aracaju, o cordel “O arranca-rabo de Yoko Ono com Maria Bonita ou a desanventura de John Lennon e Lampião”.
O autor é Sávio Pinheiro, médico e poeta cearense, consagrado cordelista. Entre suas obras mais conhecidas estão “A peleja do fígado valente com Manel Cachacinha” e “O homem que foi preso porque peidou na igreja”.
O embate das viúvas é engraçado, com uma jogando na cara da outra os podres dos falecidos.
Uma palinha:
Yoko – Virgem fica sem espaço
Nas andanças do teu bando
Pois o grupo em algazarra
Pela mata ia estuprando
As donzelas mais bonitas:
Era assim, de quando em quando.
Maria – Já que queres me lembrar
De pendenga sexual
No bando de Liverpool
Tinha um rapaz genial
Que traçava gente moça
Mesmo intelectual.
Yoko – Não compare o bem com o mal
Catitinha do sertão
O John Lennon tinha estampa
Era um tipo bonitão
Tinha os seus cabelos longos
E artefato na visão.
Maria – Parece é com Lampião
A sua descrição veemente
Pois Virgulino ostentava
Sua fama de valente
Com uns óculos redondinhos
E cabeleira decente.
(…)
Yoko – Você nunca terá paz
Com amargura tamanha.
Mesmo você bem trajada
E com toda essa artimanha
Nesse modelo esquisito
Até parece uma estranha.
Maria – A minha grande façanha
No sertão ou na cidade
É trabalhar bem o couro
Com enorme variedade
Bordar, cozer e cerzir
Dá-me enorme vaidade.
Yoko – Com toda cumplicidade
Quero aqui me permitir
Dizer que o John Lennon tinha
Nobre gosto no vestir
E sendo ele bem vaidoso
Sempre soube construir.
Maria – Eu venho aqui garantir
Que o Virgulino disputa:
Em moda, ele é mais esperto
Que qualquer filho da puta,
Desculpe o atrevimento
Mas você não me recruta.