Síndrome de vira-lata ameaça futebol carioca
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
As coisas não andam bem aqui pelo futebol do Rio. Parece que a síndrome de vira-lata, sentimento de inferioridade diagnosticado pelo grande tricolor Nelson Rodrigues, voltou a nos maltratar.
Avassalador no Campeonato Estadual, o Botafogo chegou forte ao Brasileiro, não é à toa que ocupa o segundo lugar. Mas se desfez de Fellype Gabriel e Andrezinho, jogadores importantes, com a competição já em andamento. Agora, foi-se a preço de banana Vitinho, garoto bom de bola que vinha crescendo ao aprender que futebol é esporte coletivo. Partiu graças à multa rescisória baixíssima, expressão de pensamento pequeno. Faltou à direção alvinegra pensar mais alto. Parece que, se der para vencer o Brasileiro, bom. Se não der, tudo bem. Desperdício de oportunidade de reviver 95. Que Oswaldo, Seedorf e companhia se virem com o elenco contadinho.
O Vasco foi incapaz de avisar Dorival sobre a possível saída de Éder Luís. O técnico soube na véspera e teve de improvisar contra o Corinthians. O clube dá impressão de achar que escapará do rebaixamento, mas que não adianta sonhar com muita coisa.
O Flamengo, nem se fale, com seus reforços buscados na xepa. Se os contratados do interior paulista fossem bons, é lógico que algum clube da capital os teria chamado antes. O time voltou a se acomodar na parte de baixo da tabela. Até agora, reedita anos recentes, quando cobiçou no máximo permanecer na primeirona.
O Fluminense perdeu Nem, Thiago Neves e, agora, o aposentado Deco. O retrato da virada no atual campeão é a retranca pusilânime montada por Vanderlei para encarar o São Paulo no Morumbi. Parecia que enfrentaria o Galo, o Cruzeiro. Mas era o São Paulo, caindo pelas tabelas.
Os quatro clubes cariocas têm algo em comum além da incapacidade de honrar o pagamento dos salários nas datas combinadas. No atual momento, falta ambição, até para o Botafogo que dá gosto ver jogar _pelo menos dava até outro dia.
(A Copa do Brasil tem características peculiares. No mata-mata, um clube de massa como o Flamengo, com o Maracanã lotado, pode ganhar do Cruzeiro, ainda que os mineiros sejam os favoritos.)