Blog do Mario Magalhaes

Missa para um herói

Mário Magalhães

 

( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )

Rui Moreira Lima era maranhense, mas não um herói brasileiro. No balanço sincero da história, o brigadeiro era um herói da humanidade.

Por uma dessas coincidências, esperou chegar aos 94 anos para partir. Pois foram 94 as missões de combate em que ele decolou com seu caça e pulverizou tropas nazistas no front italiano da Segunda Guerra.

Foi um feito tão incrível que até hoje muitos pilotos custam a acreditar que ele foi capaz de sobreviver a tantas incursões. Na média fria das estatísticas, deveria ter sido abatido dezenas de voos antes. Teve perícia, sorte e uma tremenda coragem.

O piloto da FAB recebeu todas as condecorações possíveis como herói de guerra, de vários países, o que não impediu que os golpistas de 1964 o prendessem e expulsassem da brilhante carreira militar.

Escrevi um livro no qual ele é personagem, “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras). Narro o golpe de 1964 no capítulo “Os aviões ficaram no chão”. Eram os aviões que o então coronel Rui queria enviar da base aérea de Santa Cruz para atacar as colunas golpistas que marchavam de Minas para o Rio. Não precisaria ferir ninguém, contava. Seus superiores não o autorizaram, e ele cumpriu a ordem, como oficial legalista que se orgulhava de ser.

Rui amava o Brasil.

Nesta terça-feira à tarde será celebrada aqui no Rio a missa de sétimo dia em sua memória, como informa o convite acima, publicado ontem em “O Globo”.

O brigadeiro Rui merece todas as honras. Que sua história seja reverenciada, conhecida e inspire a construção de um país mais justo.