Exumação na segunda-feira buscará pistas sobre morte na ditadura
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
A mãe do Arnaldo, Anete, já é nonagenária. O pai do Arnaldo, João de Deus, tem alguns anos a mais do que ela.
A companheira do Arnaldo ruma para os 62 anos.
Faltavam 13 dias para o Arnaldo completar 24 anos quando agentes da ditadura o mataram. Ele não viveria para conhecer o filho que sua companheira carregava na barriga.
Os restos de Arnaldo Cardoso Rocha serão exumados na segunda-feira em Belo Horizonte, a partir das 8h, no cemitério Parque da Colina. A iniciativa é da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, vinculada à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
O propósito da exumação, pedida pela família do Arnaldo, é obter mais informações sobre as circunstâncias em que tiraram sua vida.
O Arnaldo era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização armada de combate à ditadura instaurada em 1964.
Uma emboscada preparada pelo Destacamento de Operações de Informações (DOI) do II Exército surpreendeu-o em São Paulo no dia 15 de março de 1973.
Seu cadáver foi entregue em caixão lacrado ao pai.
Sua companheira, Iara Xavier Pereira, recapitula: “Com base no exame necroscópico da época, é possível identificar pelo menos um ferimento com características de defesa e outros dois ferimentos com o atirador em posição superior à do Arnaldo”.
Em outras palavras, há indícios de que o guerrilheiro da ALN foi assassinado depois de ser imobilizado.