Exército acerta em vetar mascarados perto do papa: máscara é coisa de bandido potencial, seja ‘manifestante’ ou PM de balaclava
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
É bem-vinda a medida anunciada pelo Exército Brasileiro: em nome da segurança do papa, será proibida a presença de mascarados na área de Guaratiba, no Rio, onde Francisco participará de eventos daqui a poucos dias. No entanto, proibir cartazes constituiria censura lamentável.
Desculpem os milhares de jovens mascarados que protestam pacificamente desde junho Brasil afora, mas esconder o rosto se tornou instrumento de uma minoria de provocadores empenhada em desmoralizar manifestações legítimas. Atacam servidores públicos (PMs) e dilapidam o patrimônio, inclusive o histórico, como o Palácio Tiradentes.
O pontífice nos visita também na condição de chefe de Estado. Compete ao Brasil garantir sua segurança na Jornada Mundial da Juventude. Não me espantaria se alguns fanáticos ansiassem por algum vexame nesse dever, pois existe quem torça contra o país. Sem falar no direito de Francisco comungar em paz com os peregrinos.
Máscaras são ainda mais inaceitáveis em agentes do Estado. Em ato pacífico recente no Leblon, policiais militares usaram balaclava ao reprimir manifestantes. Trata-se da peça da farda com que PMs ocultam a identidade em operações em comunidades pobres. Agora, os mais ricos descobrem o que os moradores de favelas já sabem.
A propósito, governador Sérgio Cabral, por que os PMs tinham que agir no anonimato no Leblon? O que pretendiam fazer e o que fizeram? Por que se habituaram a retirar a identificação dos uniformes?
Portanto, é correto não haver máscaras em Guaratiba, para paisanos ou militares. Nunca foi direito democrático andar mascarado por aí. É responsabilidade do Brasil a preservação da integridade física do papa.
Não custa registrar que o Exército deve zelar pelo respeito à norma agindo nos marcos da lei, e não com medidas repressivas de tristes eras passadas.
O general José Abreu, que anunciou a barração de mascarados, afirmou que a Força eventualmente impedirá a exibição de cartazes. Como o espaço é público, isso configuraria censura. Tomara que o direito democrático ao protesto prevaleça, com cada um mostrando a sua cara.