‘Fator Beltrame’ desidrata na eleição do RJ
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
A popularidade do secretário de Segurança do Estado do Rio, José Mariano Beltrame, vitaminou-o como nome cobiçado para a eleição a governador no ano que vem.
A sua aprovação decorreu sobretudo do relativamente bem-sucedido projeto das UPPs, ditas Unidades de Polícia Pacificadora. Nas favelas e comunidades, a aprovação à presença da Polícia Militar é expressiva. Bem como nas vizinhanças, onde os índices de criminalidade caíram.
O núcleo duro do governo Sérgio Cabral (PMDB) cogitou indicar Beltrame como companheiro de chapa do vice-governador Luiz Fernando Pezão, candidato à sucessão.
O PT, que integra a administração estadual, mas pretende lançar o senador Lindbergh Farias, torcia para Beltrame ficar fora da disputa.
Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco e aspirante ao Planalto, teria oferecido a Beltrame a cabeça de chapa ao Palácio Guanabara na coligação que o respaldará no Rio.
Os méritos do secretário são essencialmente de gestor, o que o engrandece. Com seu sotaque carregado de gaúcho de Santa Maria, não tem o carisma de conterrâneos como Tarso Genro ou Nelson Jobim.
Seu potencial na eleição, contudo, parece ter diminuído a partir dos protestos de junho. A polícia fluminense se manteve no terreno da legalidade e da legitimidade ao se defender de ataques de provocadores e ao proteger o patrimônio público. Mas não tem o direito de agredir a massa de manifestantes como se ela respondesse pela violência de um minoritário grupo de arruaceiros.
Os PMs usam balaclava, tipo de máscara que esconde o rosto. Retiram a identificação dos uniformes. Não querem constrangimentos para reprimir sem controle. As imagens estão na TV, na internet. A classe média descobriu como são tratados tantos moradores de favelas sem UPP, onde a polícia muitas vezes não distingue bandido de trabalhador.
Pelo menos nisso, o outono e o inverno “democratizaram” o Rio: manifestantes apanham igualmente.
Mas não há “democracia” real, porque na favela a PM invade e mata, como se testemunhou no complexo da Maré. Lá, a bala não é de borracha.
O noticiário a respeito do governador também não ajuda seu secretário de Segurança, embora inexistam informações sobre Beltrame circulando de helicóptero público para compromissos privados, como acontece com Cabral.
Com a queda do prestígio do governo, atestada nas pesquisas de opinião, também mingua a força de Beltrame para 2014.
Não sei se ele gostaria de se candidatar.