O Baresi do Brasil
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
Em 1994, o líbero italiano Franco Baresi estourou um joelho no começo da Copa do Mundo, operou-o e regressou a tempo de brilhar na final, anulando o melhor jogador da competição, Romário. Sua atuação fulgurante, aos 34 anos, foi eclipsada por ter desperdiçado sua cobrança na série de pênaltis em que a seleção brasileira conquistou o tetra.
Mas ninguém esqueceu a volta por cima, 24 dias entre a contusão e o retorno: para mim, que testemunhei a decisão no estádio Rose Bowl, na Califórnia, o eterno capitão do Milan consagrou-se como o melhor em campo e a encarnação da valentia.
Na semana passada, o jornalista Juca Kfouri, 63, cobria a Copa das Confederações quando sofreu um acidente vascular, como contou no seu blog, na coluna “Desfalque”. Baixou hospital em Belo Horizonte e, em vez de sossegar, escreveu de lá sobre a semifinal entre Brasil e Uruguai.
Depois do pit stop de duas noites, embarcou para o Rio e contou o desfecho da Copa das Confederações. Sem parar.
Quem gosta do Juca, preferia que ele mostrasse mais juízo e tivesse descansado um pouco.
Quem admira seus imensos méritos jornalísticos e o caráter de homem decente _combinação pouco comum no nosso ofício_ desejou que ele se aquietasse para deixar o susto passar.
Mas aí o Juca não seria o Juca. Pois, como Franco Baresi, o cabra é valente.