PM gera clima de terror e desespero, afirma dirigente da OAB/RJ
Mário Magalhães
( Para seguir o blog no Twitter: @mariomagalhaes_ )
A ação da Polícia Militar do Rio ontem para reprimir manifestantes que protestavam contra o aumento do preço das passagens de ônibus foi marcada por truculência e gerou terror e desespero. Foi o que afirmou há pouco o advogado Marcelo Chalréo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da seção fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil.
Chalréo se pronunciou em artigo, publicado no site da entidade. Para saber mais sobre o ato de ontem, clique aqui, na cobertura do UOL.
Eis a íntegra do texto do advogado:
A polícia e a democracia
A democracia é regime que não só permite como estimula manifestações do povo, com maior ou menor radicalidade. É da sua essência. Saber conviver com os contrários, ainda que com os mais incisivos, é indicativo de sabedoria e respeito. Contudo, isso não tem sido visto com muita frequência nas ações da polícia, particularmente a militar, no que diz à chamada preservação da ordem e incolumidade pública. Em geral tem-se visto uma ação policial despreparada, ineficiente e profundamente desproporcional aos atos públicos que vêm ocorrendo em nosso Estado.
Episódios recentes, como os havidos na ''aldeia'' Maracanã, na desocupação de um conjunto do Minha Casa, Minha Vida em Nova Iguaçu, às portas do mesmo Maracanã semanas atrás e ontem, por conta de manifestação essencialmente de estudantes contra o aumento das passagens de ônibus, são testemunhos retumbantes de falta de capacidade, de ineficiência e de preparo técnico de parcela das forças de segurança do Estado, gerando, em decorrência, um clima terror e de desespero, atingindo centenas, milhares de pessoas impunemente.
Não se está aqui a defender atos de vandalismo ou agressões, mas o que se esperar de uma força policial que não dialoga, não conversa, não argumenta, que age truculentamente antes de quaisquer dessas iniciativas, provocando, em consequência, reação à ação desmedida e violenta?
É preciso que as máximas autoridades da segurança pública do nosso Estado revejam esses procedimentos, essas formas de agir, que busquem atuar de forma preventiva e persuasiva, pois falta talento e boas práticas de convivência às nossas polícias, ressalvadas exceções de praxe. O episódio ocorrido ontem à noite no Centro do Rio poderia ter resultado em uma tragédia – assim como outros recentes – absolutamente evitável houvesse mais diligência, competência e menos truculência.
*Marcelo Chalréo é presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ