O Rio de Janeiro continua sendo
Mário Magalhães
Poucas semanas atrás, zonzo com um turbilhão de notícias, comentei: parece que tudo, de bom e de ruim, está acontecendo aqui no Rio. Como cantara Gilberto Gil em “Aquele abraço”, “o Rio de Janeiro continua sendo”.
Às vezes, o bom e o ruim se amalgamam, como o Maracanã comprova: o novo estádio é belíssimo, mas sangra os cofres públicos com um apetite que na origem as autoridades haviam prometido inibir.
Há mais exemplos, como na cultura. Multiplicam-se eventos gratuitos, o que é ótimo, porém muitos produtos culturais nunca custaram tanto.
E há o que é só ruim: o toró que cai nesse começo de manhã, além de provocar o caos no trânsito, ameaça resultar em tragédias. A culpa não é da natureza, mas do descaso.
O blog que dá a largada hoje é radicado no Rio e ama o Rio. Como informa o resumo aqui ao lado: “Assim como o blogueiro, o blog nasceu no Rio, vive no Rio, vibra com o Rio e por isso mesmo cobra que o Rio seja bem tratado como merece. O blog também adora viajar por outras cidades, Estados, países, temas e interesses”.
É isso mesmo, o blog é fã do Rio e dos cariocas, mas não quer fazer papel de bobo. Ou seja, não baterá palma para quem nos maltrata.
Caberá de tudo aqui: futebol, um monte de outros esportes, cinema, teatro, livros de ficção e não ficção, música, política, televisão, artes plásticas, economia, temas do cotidiano, alta e baixa gastronomia, segurança pública, modas, educação, transportes, comportamento, gente, história, ideias, jornalismo e o que mais me parecer relevante ou interessante.
Compartilharei o que vejo, ouço, penso, provo, sei, leio, assisto, descubro e sinto. Em notícias, reportagens, artigos, crônicas, entrevistas, notas, comentários, imagens e pitacos de toda ordem.
O blog viajará bastante, sem (andando Brasil e mundo afora) e com (abordando assuntos distantes do Rio) aspas. É possível que eu fale mais do catalão Pep Guardiola, o brilhante sucessor do mineiro Telê Santana, do que de quase todos os técnicos de futebol brasileiros.
Com um blogueiro que foi feliz vivendo em quatro lugares _Rio, Pelotas (RS), Cascais/Lisboa e São Paulo_, aqui não haverá espaço para bairrismo. Idem para flertes com a intolerância e a barbárie.
Também este não será um blog com espírito “justiceiro”, com delírios de prerrogativas próprias da Justiça, e não do jornalismo, embora não vá faltar opinião. Uma coisa é defender ideias, outra é não reconhecer a legitimidade das opiniões alheias.
Por mais idiossincrasias com que o blogueiro possa tingir o blog, vão imperar os princípios e métodos do que se convencionou classificar como jornalismo de qualidade. Uma palavra os sintetiza: escrúpulos.
Minha experiência como autor de blog é nenhuma. Por isso, rogo generosidade e paciência com minhas mancadas, sobretudo técnicas, que de início não serão poucas. Tentarei evoluir, para usar todas as mídias possíveis, um dos maiores encantos de um blog, especialmente para quem passou a vida profissional no jornalismo impresso. Já foi dito, mas enfatizo: por mais pessoal que seja, este é um blog jornalístico.
No jornalismo, poucos fantasmas me assombram como o de ser previsível, contar o que as pessoas já sabem, comentar o que já lhes ocorreu. Torquato Neto e Gilberto Gil, nos idos dos anos 1960, expuseram o drama em “Domingou”: “O jornal de manhã chega cedo/ Mas não traz o que eu quero saber/ As notícias que leio conheço/ Já sabia antes mesmo de ler”.
Sortudo, escreverei diante de uma janela voltada para o Pão de Açúcar, apesar de um prédio de arquitetura pornográfica me roubar uma parte da vista. Para este post abre-alas, preferi a imagem do Cristo Redentor diante da Lua, uma fotografia célebre do meu amigo Antônio Gaudério, que já morou aqui na esquina, mas hoje está em São Paulo.
Desculpem o lugar-comum, mas o Corcovado e o Pão de Açúcar são mesmo tremendas inspirações para tentar evitar, todos os dias, que eu venha a merecer uma letra como a do inesquecível piauiense Torquato.
Peço licença para botar o bloco na rua. Apareçam!