Minimizar título do Botafogo é maldade contra o futebol
Mário Magalhães
Há mesmo coisas que só acontecem com o Botafogo, como sustenta a sabedoria popular: em meio a um triunfo acachapante e justíssimo, o título estadual de 2013, vencendo a Taça Guanabara e a Taça Rio, sem permitir nem a final, não é que o alvinegro é alvo de subestimações, por conta de fiascos alheios?
Se o Engenhão ameaça ruir, a culpa não é do Botafogo, que, pelo contrário, superou a perda de sua “casa”. Conquistar o campeonato em Volta Redonda, longe do Rio, foi outro feito. E daí que Flamengo e Vasco não participaram da competição? Ou participaram, e eu não notei? Se o Fluminense estava com a cabeça, com razão, na Libertadores, não é problema do Botafogo. Campeonato inchado, sem público… Só agora descobriram? É fato que há de mudar a fórmula, mas em que a estrutura atual diminui o feito do Fogão?
O Botafogo é campeão com o maior presente que se pode dar ao futebol: aliando beleza e competitividade, o êxito da estética.
O técnico Oswaldo de Oliveira cansou de ser ridicularizado por pretensamente querer imitar o fantástico jogo do Barça. “Faltam só o Messi, o Xavi e o Iniesta”, tripudiavam.
Com a chegada do Seedorf, o melhor jogador do campeonato, tudo melhorou. Muita gente passou a acompanhar mais assiduamente as partidas do Botafogo só para ver o surinamês/holandês em campo.
O uruguaio Lodeiro é outro jogador muito bom. Impressiona como, ao contrário de tantas revelações da base do Flamengo que sucumbiram ao tempo, Fellype Gabriel evoluiu longe da Gávea. Oswaldo tem estrela: até o atacante Rafael Marques, que não é lá muito íntimo da bola, começou a fazer gols.
Ontem, no 1 a 0 contra o Fluminense, não faltaram nem os dois gols garfados. No primeiro e no segundo tempos, o Botafogo colocou duas vezes a bola para dentro, mas os gols foram anulados. Um, por falso impedimento. Outro, para assinalar um pênalti vencido, cuja cobrança não foi aproveitada _sim, por Seedorf, mas ele pode.
Diminuir o campeonato do Botafogo não diminui o clube, ao contrário do que se pode pensar. Diminui o futebol. Porque, jogando como está jogando, o Botafogo campeão é uma vitória do futebol.
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